sexta-feira, 5 de abril de 2024

 

Queixa das almas jovens censuradas

  Natália Correia

In: "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"; 1971;


Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte

 

                                                                            A flor

                                                                                                        Almada Negreiros

 

Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis. A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.

               Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves; umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu.

               Outras eram tão dedicadas que apenas o peso do lápis já era demais.

               Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas; Uma flor.

               As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor!

               Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!

 

                                            Desenho da flor da criança Ilustração por ©so_decor #25820317 

Poema extraído do livro "Os cem melhores poemas portugueses dos últimos cem anos" - Selecção e organização de José Mário Silva - 2ª Edição. 

domingo, 25 de dezembro de 2022

Mudança

Não estranhe se eu mudar de comportamento, mas não me pergunte por que. Eu não serei o mesmo para sempre, com o tempo a gente aprende a valorizar somente as pessoas que nos fazem bem, a gente percebe que nem sempre podemos dedicar o nosso melhor à todos, mas isso não significa que erramos ao escolher os amigos, apenas quer dizer que tudo tem seu tempo, que a vida é feita por capítulos, etapas, e essas são concluídas com o passar dos anos, mas a todos aqueles que me afastei, que se afastaram de mim, que o tempo foi injusto e colocou um muro entre nós, estejam certos que se eu te dei minha amizade, foi verdadeira, e ainda está aqui, só esperando o tempo nos dar uma nova oportunidade. Que Deus os Abençoe! Assim Seja!

domingo, 20 de junho de 2021

Brilhe a vossa luz!





por H. Thiesen 

Depressão, muitas pessoas sofrem desse mal actualmente e muitas dessas, sem perceber. Por que é uma doença silenciosa, provocada por um profundo abatimento.
Quem nunca passou por algum momento depressivo? Eu mesma, recentemente, vi-me envolvida em um. Não sou depressiva, mas as vezes algumas coisas que acontecem na minha vida, me levam à depressão. Passo então, por alguns dias num estado de abatimento, sem vontade para nada e até mesmo, algumas vezes, perdi a vontade de viver. Geralmente fico assim, por que juntam-se ao mesmo tempo diversos problemas, alguns do passado que não foram resolvidos à contento, outros do presente que possuem soluções drásticas ou difíceis e previsões de futuro, em face desses problemas que me vejo envolta, das decisões que preciso tomar e de como elas se reflectirão mais tarde. Desse jeito, vou para dentro do meu casulo e fico por lá um bom tempo!
Creio que lendo esta minha confissão, vocês devem estar se perguntando: 
- Se ela fica assim, como pode afirmar que não é depressiva?
Simples, depois que esses momentos, que podem durar dias, passam, tudo volta ao normal, recupero a vontade, a capacidade de decisão e a alegria de viver. Entrar para dentro desse casulo, para mim é um ato de auto-proteção e de onde só saio quando me sinto segura novamente. Fico por lá até achar uma solução ou que alguma coisa aconteça, mostrando-me uma direcção ou apontando para uma luz no fim do túnel.
Mas, esse é o meu momento depressivo, algo muito particular e a minha forma de lidar com ele. Porém para a maioria das pessoas que sofrem do mal depressivo, não é tão fácil assim!
Diferente do momento depressivo ou da depressão passageira, que todos nós temos vez em quando, a depressão é um mal silencioso e se instala aos poucos, deixando pistas e sinais, que são ignorados. O ser humano não percebe que está sendo dominado por ela, causando-lhe tristeza, magoa, remorso, culpa, ressentimento, desinteresse, apatia e sofrimentos de ordem espiritual, ou seja, a depressão ataca primeiramente o ser pensante, que existe em cada um de nós. Aos poucos e sem dar tréguas, o corpo recebe os reflexos do espírito, provocando no indivíduo, cansaço, prostração,  falta de forças e  principalmente, afastando-o da vontade e da alegria de viver.
A depressão necessita de tratamento medico para o corpo físico e do amparo, compreensão e o amor para o espírito, mas também e imprescindível e essencial o alimento espiritual, um caminho de ensinamentos transformadores e de sabedoria. Ambos os tratamentos, em conjunto, formarão um alicerce sólido para que o indivíduo possa ser nutrido, fortalecido, revigorado, elevado, iluminado e curado. São eles, a medicação e os ensinamentos superiores.
A medicação agirá sobre o corpo, directamente sobre as descargas eléctricas do cérebro e sobre a dosagem hormonal e enzimática do corpo, fornecendo equilíbrio à ele, possibilitando maior estrutura e veículo para a mente funcionar de forma livre e apropriada.
 Os ensinamentos superiores são fonte de vida para a alma, impedem as fraquezas, o esmorecimento e a desistência diante das dificuldades ou experiências pela quais a depressão proporciona. Os ensinamentos superiores, quando bem estudados, absorvidos e colocados em prática, dão coragem para a transposição de obstáculos, superação das dificuldades e fazem evoluir os pensamentos, em beneficio próprio e dos semelhantes. 
Como a depressão atinge fortemente o espírito, é necessário a busca de conhecimentos, entendimento dos porquês, aprendizado do uso da sabedoria e a realização dos ensinamentos, que proverão o espírito de saúde, proporcionando a paz e a felicidade e devolvendo a alegria de viver.
A felicidade existe e esta dentro de nós, necessário é, para ela se fazer presente em nossas vidas, a correcção de erros, defeitos e imperfeições, substituir nossos pensamentos inferiores por superiores. Para usufruí-la, precisamos lapidar os sentimentos, retirar a casca bruta dos sentimentos mundanos e deixar o brilho do diamante espiritual iluminar a nossa vida, nos utilizando do perdão e do amor, incluindo o amor-próprio e o auto-perdão, ou seja, iluminar o nosso espírito, transformar-nos em seres humanos melhores, repleto de virtudes: BRILHE A VOSSA LUZ!
Essa transformação é gradativa, particular e intransferível, faz brotar no nosso interior a paz, a alegria e a felicidade, que erradamente buscamos do lado de fora. Não é a toa que o poeta romano Juvenal, por volta do ano 60 d.C escreveu: Mens sana in corpore sano! MENTE SÃ EM UM CORPO SÃO! 
Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são.
Peça uma alma corajosa que careça do temor da morte,
que ponha a longevidade em último lugar entre as bênçãos da natureza,
que suporte qualquer tipo de labores,
desconheça a ira, nada cobice e creia mais
nos labores selvagens de Hércules do que
nas satisfações, nos banquetes e camas de plumas de um rei oriental.
Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio;
Certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.
(Decimus Iunius Iuvenalis)

 

Segredos da Vida

por H. Thiesen 

O segredo da vida não é possuir tudo o que amamos, mas amar tudo o que possuímos.
O segredo de uma vida é valorizar o que temos, dar mais valor à quem realmente gosta de nós. 
O segredo da vida é dar maior importância as coisas alegres e minimizar as tristezas.
É inevitável sentir dor, mas sofrimento prolongado é opcional!
O segredo da vida é não sofrer pelo que ainda não aconteceu, talvez o problema não será tão grande quanto imaginamos ou talvez nem venha a acontecer. E se, grande ele for, necessário é a humildade para admitir um pedido de ajuda. 
Desabafe, mas escute o que outras pessoas tem a dizer, peça um abraço e esfrie a cabeça.
Problemas sem solução, solucionados estão! Não há necessidade para preocupações com eles, nada mais será mudado! 
Perdemos muito do nosso valoroso tempo nos preocupando com coisas, as quais, muitas vezes somente existem na nossa cabeça.
O segredo da vida é não dar tanta importância para as coisas banais, por isso brigue menos, discuta menos, xingue menos e evite os estresses.
Tudo na vida é passageiro, até ela mesmo, nada permanece para sempre. 
Não tente entender as pessoas ou o que elas fazem ou deixam de fazer, apenas as aceitem da maneira que são. Cada um sabe de si e ninguém é perfeito. 
Compreenda que, assim como você, os outros também possuem virtudes e defeitos e são passíveis à erros e acertos.

 

Quando as coisas dão errado!


por H. Thiesen 

Creio eu que, quando algo dá errado, ganhamos duas oportunidades: 

A primeira é aprender como não fazer!

A segunda é aprender outra forma de fazer, para não repetir o erro. 

Na maioria das vezes, as coisas dão errado por nossa própria culpa, que não prevemos e não avaliamos os possíveis resultados.

O erro e os equívocos, bem ao contrário do que pensamos, existem para nos levarem a um caminho de acertos. Não importa o que somos, o que fazemos, sempre nos darão outras oportunidades, basta-nos enxergá-las e aproveitá-las!

Geralmente, estamos acostumados a enxergar os fatos do dia a dia  de uma maneira superficial, ou seja, de um jeito aparente, considerando que os acontecimentos se apresentam exteriormente.

Quando algo ruim acontece, na maioria das vezes, consideramos um azar, de outro modo se algo bom aparece, classificamos como sorte. 

Nossa visão da vida e maneira de entendê-la é muito limitada, sendo assim, não podemos julgar com assertiva se o que acontece é ou não benéfico, pois não temos capacidade de afirmar qual o significado real do que acontece.

Quase sempre, não vemos a realidade e perdemos oportunidades, pois muitas bênçãos nos chegam disfarçadas de incómodos, bem como inúmeros infortúnios se apresentam mascarados de alegria.

Estamos sujeitos às leis que direccionam os nossos destinos. Nossos dramas, nossas escolhas, nossas venturas, nossos infortúnios e, suas consequências, são regidos pela lei de Causa e Efeito, felizes ou não, imediatas ou tardias, os resultados são assegurados pelo exercício do livre-arbítrio.

O que chamamos de sorte, nada mais é do que o resultado do nossos esforço. Do mesmo modo, azar é a consequência da nossa imprevidência,  da nossa irresponsabilidade e dos nossos erros. O acertos e desacertos reflectirão a sorte e o azar no futuro.

Portanto, colhemos o que plantamos! Não existe acaso!

O que chamamos de sorte ou benefício sem esforço aparente é a vida oferecendo uma oportunidade, para que haja uma transformação e crescimento. Sendo uma concessão, se bem aproveitada, com  o amadurecimento e consciência de que fomos beneficiados, deverá haver a retribuição, servindo a outros, que por ventura, necessitem da nossa ajuda. 

O que consideramos azar, pode ser uma provação, para que possamos fazer uma averiguação dos nossos valores e um estímulo ao exercício das nossas virtudes. Se transformado em um impulso evolutivo, é ainda mais difícil de ser aceito, devido ao nosso nível de compreensão.

Um ser espiritualizado não dá importância à sorte ou ao azar, pois sabe que tudo é resultado da semeadura e que recebe da vida o que lhe é benéfico e necessário para a sua evolução.

Com o despertar da consciência percebe-se que a chamada “sorte” é conquistada pelo trabalho, paciência, perseverança e disciplina, pois qualquer outra forma de conquista é ilusão e prejudicial à evolução. As riquezas legítimas são frutos de aprendizado e do trabalho honesto, não sendo assim, é apenas ilusão, desconhecimento das leis de acção e reacção e fuga das responsabilidades perante a vida.

Desse modo, sorte e azar deixam de ter qualquer significado, pois são realidades aparentes e o que os proporciona e muito mais profundo e complexo.

A sorte pode ser um instrumento de queda e de sofrimentos futuros e,por sua vez, o azar pode ser um instrumento de evolução mais rápida.

Todos nós, ao longo da caminhada evolutiva, já tivemos as nossas cotas de “sorte” e “azar”, uns mais e outros menos, algumas vezes maior e outras vezes menor, em qualquer aspectos da vida, e devemos nos empenhar no aprendizado, no trabalho, na auto transformação e na renovação interior.

Plantemos bem ou plantemos mal, a colheita é certa na medida e na qualidade que necessitarmos!

A vida é como uma roseira, as flores são lindas, mas também tem espinhos!

quinta-feira, 17 de junho de 2021

Árvore da Vida

 O que você acredita é o que você acredita

 

Todos nós temos um modelo da árvore da vida, essa imagem chegou me através de uma mensagem e resolvi partilhar, na minha opinião acredito que me representa nas ideias que tenho.